Quarta-Feira, 20 de Setembro de 2017 - Hora:13:23

Porcentagem de mulheres nas faculdades de engenharia civil cresce mais que nº de engenheiras no mercado

Em 2015, as mulheres respondiam por 30,3% das matrículas em cursos de engenharia civil, e por 26,9% dos profissionais no mercado. Para as engenheiras, aumento da presença feminina ajudou na queda da discriminação.

 

As mulheres estão quebrando, ano a ano, o mito de que exatas não é coisa de menina. Dados do Censo da Educação Superior levantados pelo IDados mostram que o número de mulheres matriculadas em cursos de graduação em engenharia civil vem crescendo todos os anos desde 2007. Mas essa tendência ainda não está tão consolidada no mercado de trabalho. Em 2015, as mulheres respondiam por 30,3% das matrículas em cursos de engenharia civil, e por 26,9% dos profissionais no mercado.

 

Segundo um levantamento do Conselho Federal de Engenheiros e Agrônomos (Confea), a tendência de alta ininterrupta só começou em 2012 e, ainda assim, cresce em um ritmo mais lento.

 

Segundo os dados do Confea, entre 1º de janeiro e 8 de agosto de 2017, 20.813 pessoas fizeram o registro no conselho na modalidade de engenharia civil. Destes, 14.971 eram homens e 5.842 eram mulheres. A presença feminina neste ano representou 28,1% do total de novos engenheiros e engenheiras com registro no órgão. Os dados do Censo mais recentes são referentes a 2015.

 

Estudantes, ex-alunas e professoras de engenharia civil relataram que o aumento em termos numéricos foi acompanhado da redução da discriminação de gênero nas universidades. Leia mais sobre suas histórias:

 

'A gente reclamava menos e agia mais' 

Formada na graduação em engenharia civil na década de 1990, Silva Santos, hoje professora da Univali, afirma que, hoje em dia, as mulheres estão em pé de igualdade em sua universidade. Mas ela lembra que, na sua época de estudante, já chegou a sofrer com o comportamento inadequado de professores.

 

Quando um professor decidiu elogiar publicamente Silvia e uma colega sua, acabou fazendo uma das famosas "piadinhas sem graça" sobre o papel da mulher. "Ele chamou a mim e minha amiga e falou para os outros alunos: 'Essas meninas, quando vão cozinhar em casa, calculam o volume do trigo para usar na massa com [cálculo] integral, e vocês não sabem calcular integral na prova'", lembra ela.

 

Naquela época, ela diz que as mulheres não protestavam ou denunciam as discriminações. "A gente respondia: 'Ah, é assim? Então espera pra ver'. A gente reclamava menos e agia mais."

 

'A mulher vem ganhando mais espaço'

 

Há alguns anos, Ana Paula Guedes tem uma agenda corrida com o trabalho de bailarina do programa Domigão do Faustão. Mas o pouco tempo livre ela preenche com a faculdade de engenharia civil. Atualmente no quarto ano, a jovem de 23 anos já chegou a transferir de universidade duas vezes para poder seguir conciliando o trabalho e os estudos.

 

"Eu amo dançar, essa é a minha paixão. Comecei a dançar com quatro anos de idade, comecei a dar aula aos 12 anos, dançar é o grande amor da minha vida", disse ela. "E sempre gostei muito de matemática, de construir. Quando pequena eu já desenhava casa, eu gosto muito desse lado de projetar. Inclusive é o que pretendo seguir: quero ser projetista. É algo que vai me permitir conciliar tudo, essa veia artística e esse lado do cálculo, que é meio louco, mas eu amo."

 

Arrastando uma multidão de 300 mil seguidores no seu dia a dia, que ela registra pelo Instagram, Ana Paula diz que não sofreu preconceito na área de engenharia por ser mulher. Pelo menos, não mais do que o preconceito que todas as mulheres brasileiras sofrem na sociedade.

 

"Os professores tratam todo mundo da mesma maneira, com certeza", diz ela. "Mas eu acho que o brasileiro sabe que o nosso país ainda carrega um ar machista muito forte, não é de hoje. Mas eu carrego para a minha vida que, dependendo da forma como você se porta diante das pessoas, como você age, como você fala, isso reflete muito na forma como você é recebida. Acho que a forma de se impor é muito importante, independente do que a gente sofra, porque essa questão é muito mais cultural do que qualquer outra coisa."

 

'A realidade me fez abandonar a engenharia'

 

Marina Anton também fez engenharia civil no século passado, mas, atualmente, trabalha dando mentoria para empresárias. "Quando entrei na faculdade eu imaginava que trabalharia com engenharia, mas não sabia exatamente com o que. A realidade me fez abandonar a engenharia."

Ela passou na Fuvest em 1993 e se formou na Escola Politécnica em 1997. Filha de um engenheiro e empresário, cresceu estudando matemática, física e negócios com o pai. "Me encantei com o raciocínio lógico que a engenharia despertava", disse ela, lembrando que, naquela época, "ainda se tinha a concepção que, para se ter sucesso, as únicas faculdades possíveis eram engenharia, medicina e direito".

 

Na turma de 100 alunos, ela afirma que cerca de 30 eram mulheres. Entre os colegas, sempre houve um relacionamento muito respeitoso. "Tenho vários bons amigos até hoje e um deles é pai dos meus filhos", conta. "Já quando se tratava de atendimento personalizado por parte dos professores, sentia diferenciação."

 

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