Terça-Feira, 01 de Setembro de 2015 - Hora:20:02

Assuma suas dificuldades. Isso é maturidade

Por Lurdes Dorta

Converso muito com meus alunos sobre esse tema, tenho plena convicção que muitas dificuldades que temos, provem da pressão social que enfrentamos todos os dias. Quando formalizada a legislação trabalhista, em uma análise biológica determinou-se a capacidade de trabalho (mecânico) 8 horas ao dia e de sono no mínimo 8 horas. A sociedade, culturalmente, entendeu que as outras 8 horas ficaram “sobrando” e iniciou aí, uma sequencia de cobrança infinita.

 

Temos que dar atenção à família, temos que namorar, dar atenção aos amigos, temos que estudar, ir à academia, temos que participar ativamente de uma religião, da política, participar de ação social, nos preocuparmos com o nosso lazer e entretenimento Ufa !!!! 

 

Quando na realidade, meus caros !! Trabalhamos 14 horas por dia, que tempo nós sobra? 

 

Escrevi esse guia, para mim mesma. Claro que ele não serve para todas as situações, não resolve todos os problemas e conflitos. Sei que há questões muito mais complexas e que podem tornar bastante difíceis as aproximações, por melhores que sejam as intenções. Mas quero compartilhar essa ideia com vocês, na esperança de que se sintam mais preparados para reparar as mancadas que seguimos dando pela vida.

 

Ouvindo histórias por aí, às vezes tenho a impressão de que as pessoas cultivam secretamente o delírio de que somos infalíveis, honrados e dignos e não precisamos pedir desculpas.

 

Sabemos, porém, que não é assim. Somos orgulhosos, temos pouquíssima habilidade ao agir e nos comunicar. Frequentemente causamos danos e perdemos a consciência a respeito de nossos atos. Saímos falando sem pensar, nos arrependemos e sentimos a necessidade de tentar reparar as consequências que causamos.

 

Diante disso, surgem vários conflitos. Será que devemos admitir nossa fragilidade? E se formos rejeitados? Como lidar com a vergonha?

 

Por que não admitimos nossas dificuldades?

Se alguém erra na nossa frente, é muito fácil culpar, punir e tirar disso um sentimento de que a justiça foi feita. Se somos nós errando, melhor que ninguém perceba. Se o flagrante é inevitável, então a situação pode até atingir extremos de raiva, frustração.

 

Nessas situações, somos rápidos em cair na tentação de evitar a falha, de querer maquiar o deslize. Para isso, não poupamos esforços.

 

Se você perde o prazo, a vontade de mudar um detalhe no cronograma sem que ninguém perceba surge. Possivelmente já tenha acusado outros por causa de um objeto que não lembrava onde deixou e, de repente, encontra. Melhor que ninguém saiba, né?

 

Quem sabe, pode ter feito algo diferente do combinado com sua mãe, irmão, irmã, amigo, amiga, namorada, etc.

 

Mentir, enganar, disfarçar provas, culpar outros. Esses são apenas alguns dos pequenos truques que podem ganhar maiores proporções à medida que damos importância a algo que saiu do nosso roteiro.

 

Somos incapazes de admitir uma falha porque começamos a nos enxergar como se fôssemos nossos próprios erros.

 

Ninguém quer se ver falível, incapaz.

 

Uma boa alternativa pode ser não entrar nesse padrão. Não reforçar o impulso de culpa, é mais apropriado se colocar na posição de ajudar, se livrando da identificação direta com o equívoco. NÃO COLOQUE HOLOFOTE NA DIFICULDADE!

 

"O verdadeiro perdão não é aquele que perdoa. O verdadeiro perdão é aquele que não culpa." – Lama Padma Samten

 

Como desculpar-se

Primeiro aceite que precisa desculpar-se. Particularmente não utilizo a palavra desculpar, porque me vem à mente a palavra descolar- tirar a cola - desculpar- tirar a culpa. Assumo minhas dificuldades e por isso peço perdão, me parece mais objetivo e coerente. Não por punição ou humildade, mas como uma forma hábil de resolver conflitos, de aproximar, de tocar, de quebrar a barreira que foi construída na relação. É para isso que pedidos de perdão podem ser úteis.

 

Segue umas dicas que utilizo para lidar com minha própria dificuldade de pedir perdão.

 

  1. Abaixe a guarda

Em situações de trabalho, na família, ou em relacionamentos, pode ser importante se aproximar com as guardas baixas. Reconhecer o ponto de vista do outro, aproximar-se com o coração. Você não conseguirá diminuir uma eventual rusga se seu pedido de perdão for feito com má vontade, envolto em raiva ou orgulho.

 

 Ouça

A hora de falar virá. Mas, antes de qualquer coisa, é essencial ouvir. Fazer perguntas, ser curioso, realmente querer entender o que o outro está pensando e o que levou a surgir todo o enrosco. Muitas vezes esquecemos o valor do feedback, uma crítica ou insatisfação a nosso respeito. Lembrem-se feedback é um presente que recebemos.

 

Me perdoe!

Esse pode ser o momento mais difícil, mas não pense que há como evitar. Você pode até achar que não se justificar, tomar a responsabilidade e reparar os danos é suficiente. Mas não é.  Acredite! Não falar, pode dar a péssima impressão de que você sabe o que fez, mas se orgulha.

 

Não tente se sair bem

A melhor forma de aumentar os danos em uma situação embaraçosa é ter a motivação de se sair bem, jogar o problema para debaixo do tapete e fingir que nada aconteceu. É muito mais efetivo se debruçar sobre o problema, afinal se é um problema, com certeza tem solução, melhor escancarar tudo – nem preciso dizer aqui que "escancarar

tudo" não significa chutar o pau da barraca e soltar a metralhadora de ofensas.

Temos dificuldade, ponto. Vamos olhar para isso sem medo e tentar seguir em uma direção melhor.

 

Assuma a responsabilidade.

Todos temos dificuldade e equívocos. Sem exceção. Isso não é motivo para sair agindo de maneira irresponsável e dar de ombros para as consequências dos próprios atos. Mas também não se posicione como vítima, expresse seu conhecimento a respeito da falha que cometeu. Seja claro e honesto.

E lembre-se: o foco não é você, mas o fato.

 

Ofereça-se para reparar os danos

Uma das partes principais de assumir a responsabilidade é oferecer-se para reparar os danos. Se você reconhece que houve algum tipo de prejuízo, seja ele material ou emocional. Claro, nem sempre é possível. Há coisas que não podem ser reparadas. Mas, se puder, faça.

 

Não tente escapar, se posicione.

Deixar a pessoa a margem, sem informação alguma a respeito do que ocorreu.  Explique a situação, mas não use isso como justificativa. Há uma boa razão para algo ter ocorrido, conte. Encarar a responsabilidade.

 

Um parâmetro que uso para identificar  o radar da auto explicação é perceber se estou com vontade de falar "aconteceu, mas...".

 

 Quando isso acontece, é certo: estou evitando assumir a falha.

 

Não se explique, não adicione nenhum, "mas...", não tente justificar.

 

Peça auxilio

Pode se blindar das melhores intenções, desenvolver métodos e até listas, mapeando todo o terreno do engano no qual se meteu. No entanto, melhor do que fazer promessas é pedir auxílio a quem você confia, alguém sensato e imparcial.

 

Felizmente tenho muitas pessoas assim ao meu lado, uma delas é meu filho (Sorte!!). Solicitando apoio, além de resolver um conflito, podemos ganhar parceiros, aliados para caminharmos lado a lado e criar laços mais fortes.

 

Todos os dias, ao acordarmos, fazemos o que precisa ser feito. A insatisfação sempre existirá, na verdade não damos conta de tudo, mas aprendemos, trabalhamos, nos levantamos e seguimos num contínuo aperfeiçoamento.

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